Conforme a Bruna, uma adolescente de 14 anos e minha filha, que vive dentro de muros de um condomínio (meu e da mãe dela), dos muros da Escola e dos muros de clubes, não sabe o que é espiar para além destes muros. Quando passei uma semana em Ijuí e levei ela junto, ela ia do apartamento ao Hotel Vera Cruza a pé, durante cinco dias ela sentiu a sensação pela primeira vez da liberdade de ir e vir. Como diz o hino gaúcho “Mas não basta, pra ser livre. Ser forte, aguerrido e bravo. Povo que não tem virtude, Acaba por ser escravo”. Como está sendo montado esta nova geração?
Fui um dia no intervalo na escola e me surpreendi, ninguém conversava com ninguém, não há trocas de afetos e sentimentos, apenas cada um em eu celular, em uma redoma particular. Fiquei triste com aquele cenário. Cadê nosso futuro? Por isso consultórios de psicólogos e psiquiatras estão mais cheio que parques e praças infantis, o que está acontecendo?
Quando estava no início desta catástrofe, eu vim de Ijuí para Porto Alegre para ajudar no que poderia fazer, apesar de minhas limitações e assim perguntei a Bruna qual o sentimento dela e percebi o quanto era distante com todos os desastres, mesmo acontecendo dentro de nossa cidade. Senti que ela deveria entender toda a dimensão do desastre e assim levei ela para conhecer três famílias de amigos próximos meus e que perderam tudo e onde uma família eles tinham uma menina da idade da Bruna. Quando dali saímos, a minha filha estava impactada com tudo que presenciou, eu mostrei bairros inteiros de casas alagadas onde as pessoas perderam tudo, ali ela percebeu outra realidade e que não era nada virtual, mas muito real. Ficou calada até chegarmos em casa, onde ela foi conversar comigo e me relatou que faria uma doação de roupas dela para a menina, filha de meu amigo que perderam tudo, doou três sacolas e depois ainda não satisfeita se prontificou como voluntaria para ir num abrigo fazer aa separação de roupas para quem tudo perdeu dentro do desastre. Enfim, ela aprendeu uma lição.
Outro fato desta geração, é o grau de detaque dada a influenciadores e seus seguidores “idioters’ onde são mais importantes para a mídia e toda uma sociedade virtual que professores e profissionais especializados, onde é mais relevante tirar likes para suas redes sociais do que ajudar a salva vidas. Onde se observa estes grandes influenciadores rindo e tirando fotos dentro de um cenário trágico para satisfazer seus egos monstruosos. Por isso que ao ver a solidariedade de tantas pessoas, precisamos acreditar que é possível fazer a diferença dentro de uma sociedade falida e carente. Sim há salvação, vamos ensinar pelos exemplos.
Assim por meio da solidariedade é possível formar uma sociedade, que permita ajudar o próximo e ser livre para as suas ações, como cita o poeta maior Mario Quintana em seu poema do contra
“Todos esses que aí estão, Atravancando meu caminho, Eles passarão…Eu passarinho!”
Vamos acreditar que o conhecimento supera as informações de um aplicativo e acreditar numa sociedade mais saudável e que compartilhe suas vitorias, suas emoções e seus sentimentos. Vamos nos doar um pouco…
Luiz Alonso Blanco