Tem 2 quesitos, ou interpretações, ou sentidos no verbo receber:
“Receber pessoas”, quesito em que a hotelaria é imbatível. Como a hotelaria foi inventada para agradar visitantes do Qin, evoluiu para tratar bem os viajantes cansados das rotas das sedas e atingiu seu apogeu ao se tornar a morada dos deuses na Grécia Antiga, ela, hotelaria, tem em sua gênesis, o bem receber.
“Receber dinheiro”, quesito que é quase um mantra do mal, com a vilanização do dinheiro pelas religiões, o “vil metal” ficou na mente dos humanos mais fracos como as máximas da ignorância tipo “dinheiro é um mal necessário”, “dinheiro não traz felicidade” e transfomaram-no em um vilão que estraga todos os prazeres. Menos os prazeres das igrejas, que “furam o olho” de quem acredita em algo. Todas.
A hotelaria é vítima desse mantra desde que passou pelas mãos da igreja, no milênio das trevas.
Agora chegou o momento de copiar uma indústria mais atual: nos transportes, seja trem ônibus, navio ou avião, reserva garantida é reserva paga em seu valor total.
Assim, nessa cadeia, os meios deveriam praticar atitudes semelhantes: no transporte paga antes de embarcar, no parque e no museu paga antes de entrar e no hotel, paga antes de dormir. Em 2022, estão sendo feitas experiências em dois hotéis e vêm sendo medidos os resultados:
- reserva garantida é sempre quitada no ato da reserva;
- nômades ocasionais, passantes e chegantes pagam sempre no check-in.
OS primeiros resultados: a taxa de ocupação aumentou, os problemas de no-show e fuga de hóspede saindo sem pagar, SUMIRAM.
Além disso, foram criadas 3 tipos de reservas:
- a “reserva não-reembolsável”,
- a “reserva transferível” e
- a “reserva reembolsável”.
Funcionou.
A reserva não-reembolsável é a que comida, fazia festas e se cha-mou “descanso dos deuses”, mais vendeu, por custar menos. Essa em Olímpia, na Grécia ha modelo de reservas tem funcionado 2.778 anos como gatilho mental:
- quem tem certeza que vai, não se preocupa com reembolso,
- quem tem alguma duvida do período quando vai se hospedar, pega a transferível e
- quem acha que pode ser que não vá, mas paga para ver, por saber que poderá ter seu dinheiro de volta..
E todos pensam em “ganhar”, mesmo que isso seja apenas uma sensação.
Porém, o que deu para sentir na pele, foi que todos acham que é vantagem o fato de simplesmente ter opções, ou seja, sentir-se empoderado. Na realidade, transferimos o poder da escolha para o cliente.
Em tempos de no-paper, alguns códigos perderam a importância, outros tornaram-se obsoletos e outros, resistem por teimosia. Aos protagonistas não é dado o direito ou a opção de esperar as mudanças dos mercados e das leis e sim, cabe-lhes provocar essas transformações.
Por José Justo via Frontdesk